Correr está em alta e conquista cada vez mais adeptos. Segundo pesquisa do Ibope, o Brasil possui cerca de 4,5 milhões de praticantes dessa modalidade esportiva. Seu sucesso está ligado a fatores como a facilidade em se praticar e os inúmeros benefícios à saúde.
“A corrida melhora as funções cardiorrespiratórias, musculares e dos ossos, reduz risco de doenças crônicas não transmissíveis, sedentarismo, obesidade e depressão, além de evitar e tratar as doenças cardiovasculares e o diabetes. Nos idosos, observa-se ainda redução do risco de depressão e de declínio cognitivo”, explica o cardiologista especializado em Medicina Esportiva da Fundação do ABC e Diretor Técnico do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Mauá, Marcelo Ferreira.
Além de ganhos à saúde, há outros benefícios. “A qualidade de vida melhora 100%. Ao seguir uma rotina de treinos, a pessoa passa a ser mais organizada no trabalho e nos estudos e adquire melhor controle do tempo. Como a atividade libera endorfina no cérebro, há redução do estresse, melhora no humor e na disposição”, comenta o professor da Academia do clube Rogério Carlos Soeltl, que pratica corrida há dez anos.
A corrida também é bastante democrática: qualquer pessoa, desde que esteja em boas condições de saúde, pode praticar. Mas, antes de começar, é imprescindível passar por uma avaliação médica. “Recomenda- se procurar avaliação para que haja segurança em realizar a atividade, sem haver risco de lesões, de morte súbita e de ser exposto a situações de risco aos portadores de doenças prévias”, ressalta o cardiologista.
Entre as contraindicações, o médico cita pessoas que possuam algum comprometimento físico, como nas articulações, músculos, coração e pulmão.
Recomendações
Para quem é sedentário e deseja começar a correr, algumas dicas são importantes. O ideal é iniciar pela caminhada e ir, aos poucos, aumentando o ritmo. “Depois que a pessoa sair do sedentarismo, ou seja, após 15 a 30 dias, iniciamos o trabalho direcionado à corrida de acordo com seu objetivo”, esclarece Rogério.
Segundo o professor, o vestuário também é importante. “O aluno precisa estar com uma roupa adequada e um tênis especial, com sistema de amortecedor para evitar lesões. Também é preciso fazer o teste de pisada para comprar o calçado certo”, explica.
“Outros cuidados importantes são respeitar seus limites individuais, hidratar-se antes, durante e após a atividade e se, por qualquer razão, houver uma parada na prática de exercícios por mais de duas ou três semanas, o que provoca perda de condicionamento cardiovascular, é necessário recomeçar gradualmente”, orienta o cardiologista da FMABC.
Quando a saúde é o principal objetivo, a frequência ideal é praticar a corrida por 30 minutos diários, de três a cinco vezes por semana.
‘Viciados’ em corrida
Há sete anos, a associada Paula Silva Magalhães era sedentária e estava com o colesterol elevado. Foi quando começou a caminhar na Sede Campo Nova Petrópolis. “Conheci um grupo de corrida e fiquei interessada. Passei a correr e, no final daquele ano, disputei a minha primeira meia maratona”, conta.
Hoje, Paula está bem de saúde e já disputou mais de dez meias maratonas, além de diversas outras corridas. “A corrida me dá um prazer enorme, é uma sensação de desafio. O dia em que não corro, fico mal humorada e cansada. Sou uma pessoa nova após a corrida”, diz.
O professor Rogério também resume sua vida em “antes e depois da corrida”. “Minha vida mudou da água para o vinho. Passei a me alimentar e a dormir melhor, fiz muitas amizades e passei a viajar para disputar corridas em outros países”, conta.
Sua esposa, Regiane Barrocas Domingues Soeltl, também é adepta ao esporte. Praticante desde 2000, seu estilo de vida mudou radicalmente. “Eu fumava há 17 anos e era sedentária quando decidi parar e ficar sócia do clube. Comecei a correr e nunca mais parei. Desde então, já fiz cinco maratonas de 42 km”, afirma.
De acordo com ela, a corrida serve como terapia. “É como uma sessão de terapia, eu me sinto leve após correr. Fora a superação. Quando você atinge seu objetivo na corrida você se sente capaz de qualquer coisa.”
Já quem acha que corrida é coisa de gente jovem está enganado. Desde que a saúde esteja em dia, quem está na terceira idade também pode praticar. É o caso do associado Moacir Rodrigues Gallego, 65 anos. “Comecei a correr após ficar viúvo, há oito anos. Precisei mudar o rumo da minha vida”, lembra.
Moacir levou o esporte a sério e já disputou diversas corridas, incluindo maratonas e ultramaratonas em outros continentes. “Sou muito bem disposto e autoconfiante. Hoje sei que não há nada que eu não consiga fazer”, conclui.