Ter mais que 60, 70 ou 80 anos está longe de ser sinônimo de velhice. O tempo é implacável a todos, mas conviver bem com o passar do tempo é possível. “Envelhecer com saúde e qualidade de vida implica necessariamente em um envelhecimento ativo. Isso significa ter uma vida ativa, em que a pessoa goze de uma boa capacidade funcional e cognitiva, sem limitações importantes e que não interfiram de maneira significativa na sua independência e autonomia”, afirma o médico geriatra e gerontólogo Paulo Casali.
No mês em que é comemorado o Dia Internacional do Idoso, 1º de outubro, associadas participantes dos núcleos de convivência da melhor idade do clube respondem: o que significa ser idoso hoje em dia e como manter a mente e o corpo sempre ativos, convivendo bem com o passar dos anos?
“Eu me sinto jovem ainda.
Vou completar 36
anos de serviço, estou
ativa porque gosto do
que faço, trabalho no
Espaço Criança do Poupatempo.
Não quero
parar, enquanto tiver
força, continuo. Procuro
manter a vida sempre
ativa, estou desde o início do grupo Girassol, aqui
encontrei amigas e passeio, viajo, vou a bailes, converso bastante
e distraio a cabeça. Faço hidroginástica também duas
vezes na semana. O segredo da mente jovem é não pensar
no passado, mas nas coisas boas da vida.”
Olga Lopes, 66 anos, grupo Girassol, solteira, mãe de uma filha
“O tempo só passa para
o corpo, para o espírito,
não. Nossa história
é o que fica, por isso
procuro viver a vida
com amor, carinho e
humildade. Tirei carta
em 1974 e ainda dirijo
para tudo quanto
é canto. Faço tudo sozinha,
sou viúva e moro só há 10 anos. Além de fazer
parte do grupo Nova Era há 19 anos, minha segunda família,
presido a Oficina Santa Sofia das Associações e Oficinas de
Caridade Santa Rita de Cássia. Busco doações para o bazar
de roupas, faço os relatórios financeiros, distribuímos de 45 a
60 cestas básicas por mês. A vida continua até quando Deus
quiser, enquanto isso a caridade me dá sentido à vida.”
Ivonne Gasperini Daré, 81 anos, grupo Nova Era, viúva, mãe dois filhos e avó de quatro netos
“Enquanto houver vida
e a gente tiver saúde, não pode parar. Pessoa
que para no sofá morre
antes do tempo. Eu cozinho, limpo, costuro, lavo, passo e dirijo, até o ano passado descia
a serra até Santos. Lazer
é muito importante também. Adoro dançar, faço aulas de dança de salão
duas vezes na semana e caminho na esteira sempre que tenho
um tempinho. Atividade física não é boa só para o corpo,
alimenta o espírito. Estou no grupo Nova Vida há 20 anos,
desde o início, e me envolvo bastante nas atividades do bingo
e do café para o pessoal. Quando a pessoa se isola, ela
acha que só ela tem problemas, por isso conviver é fundamental.
Sou grata à minha vida, a ver meus netos crescerem
e procuro sempre cultivar pensamentos positivos. Na minha
cabeça, não tenho a idade da certidão de nascimento.”
Antonia Galante Vial, 82 anos, grupo Nova Vida, viúva, mãe de dois filhos e avó de cinco netos
“É gratificante ter 72 anos e continuar fazendo tantas coisas.
Não é sobre ser ou se sentir velho, ao contrário, é a época
que estamos começando a aproveitar a vida depois da missão cumprida com os
filhos. Hoje participo de mais atividades em relação
a quando era mais nova. Frequento o grupo Alegria há 17
anos e me faz muito bem participar. Temos atividades de
lazer, cultura, palestras, assistimos a filmes e faço parte
da comissão de festas, até aprendi a usar a internet para
pesquisar artigos para os eventos. Faltam políticas públicas
para o nosso público, ainda mais se pensarmos que
em 2030 teremos mais idosos do que crianças no Brasil.”
Sueli Intatilo Mandaji, 72 anos, grupo Alegria, casada, mãe de duas filhas e avó de dois netos
“Sofri um AVC em 2004, mas não me entreguei.
Comecei a jogar vôlei simplificado no clube na reabilitação e me ajudou muito a recuperar os
movimentos e a coordenação. Peguei gosto
pelo esporte e já ganhei várias medalhas em
competições e jogos do idoso, jogando vôlei
e correndo. Treino vôleibol quatro vezes na
semana, corrida duas vezes e faço academia
todos os dias. Moro do lado do clube, estou
sempre aqui. Faço parte do grupo Nova Esperança
desde o início e me faz muito bem. Participo de tudo que posso, até
tenho uma agenda onde marco meus compromissos.”
Zoraide Domingues Navas, 71 anos, grupo Nova Esperança, divorciada, mãe de quatro filhos, avó de quatro netos e cinco bisneto
Até 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças de 0 a 14 anos. Em 2050, 66,5 milhões de brasileiros estarão com 60 anos ou mais, o equivalente a 29,3% da população. Hoje, são 30,2 milhões de pessoas idosas, ou 14,6% da população total, estimada em 207,1 milhões. Na parcela com 60 anos ou mais, mulheres representam 56% e homens, 44%. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017)