Levar uma vida saudável reduz risco de AVC

Data de Postagem: 03/07/2014

  AVC (Acidente Vascular Cerebral), conhecido popularmente como derrame, é a principal causa de morte e incapacidade no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. No país, cerca de 70 mil pessoas morrem por AVC anualmente.   A doença é caracterizada por entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro. Com a falta de circulação sanguínea adequada, a região afetada fica sem acesso a oxigênio e nutrientes, prejudicando os neurônios.   Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. De acordo com o cardiologista e coordenador de pesquisa da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) e diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, José Luís Aziz, 80% do total de casos é isquêmico e 20% é hemorrágico.   “No isquêmico ocorre um entupimento da artéria e não passa mais sangue por ela para irrigar o cérebro. Com isso, morrem células daquela região. Já no hemorrágico alguma artéria se rompe e sangra dentro do cérebro, lesando as funções dos neurônios por causa do sangue”, explica o médico.   Em geral, o isquêmico ocorre em pessoas acima dos 55 anos, com diabetes, colesterol elevado, hipertensão arterial, problemas vasculares e fumantes. Já o hemorrágico é mais comum em jovens e sua evolução é mais grave.   O AVC preocupa porque é uma doença silenciosa. “Quase metade das pessoas não sente nada e o  primeiro sintoma já é o próprio AVC”, afirma Aziz.

Sintomas

Os sintomas de um AVC dependem da região do cérebro afetada e podem ser isolados ou vários ao mesmo tempo. Entre eles estão formigamento em algumas partes do corpo, anestesiamento, mudanças de comportamento, alterações motoras, na fala e na cognição.   O importante é que o socorro seja rápido para diminuir as chances de sequelas. “O neurônio não se regenera, então quanto antes o paciente for atendido menor são as chances de sequelas, que também variam de acordo com a região cerebral afetada. O ideal é que o atendimento seja feito de uma a três horas após os sintomas”, orienta o cardiologista.   Segundo José Luís Aziz, é comum o idoso apresentar mais de um AVC. “A intensidade varia. Por isso, alguns pacientes sofrem um derrame com sintomas leves e não procuram socorro. Após alguns meses, acabam sofrendo outro AVC mais intenso e que provoca danos mais graves”, alerta.   Associados em recuperação   Uma vez que o AVC aconteceu é importante tratar suas consequências. “Se não há mais como reverter, vamos procurar as causas do derrame e tratar as sequelas. Fazer fisioterapia, fonoaudiologia, enfim, se readaptar à nova vida”, diz o cardiologista.   É o caso do associado e funcionário do clube Sebastião das Graças Barbosa, conhecido como Tião, 62 anos. Há dois anos, ele sofreu um AVC no clube. “Trabalhei normalmente e, no final do expediente, tive uma espécie de apagão. Na hora, perdi os movimentos do braço e perna esquerdos e fiquei com a fala prejudicada”, diz.   Tião passou nove dias no hospital, sendo seis na UTI, e ficou quatro meses afastado do trabalho. “Os médicos atribuíram o derrame à pressão alta. Eu tenho hipertensão e não estava tomando o remédio há 20 dias. No momento do AVC, minha pressão chegou a 27 por 15”, conta.   Atualmente, ele já está quase totalmente recuperado. “A recuperação foi lenta, com muita fisioterapia. Mas hoje estou 90% recuperado. Acho que o primordial é ter força de vontade. Se você vira refém de um problema, ele se agrava ainda mais”, acredita.   Já o associado Oswaldo dos Santos, 84 anos, sofreu dois derrames seguidos há apenas dois meses. “Eu estava em casa e tive uma convulsão. Fui levado rapidamente ao hospital e passei 15 dias na UTI. Eu não conseguia falar nem andar”, lembra.   Oswaldo teve sequelas na parte motora e, há um mês, faz fisioterapia três vezes por semana. “Não tenho equilíbrio e ainda ando com dificuldade. Apesar disso, estou me recuperando muito bem, pois foram dois derrames. Agora vou começar a fazer esteira no clube. É preciso ter paciência no período de reabilitação”, afirma.   Prevenção   Segundo o estudo Interstroke (Estudo Internacional Multicêntrico em Acidente Vascular Encefálico), divulgado em 2010, 90% dos casos de AVC são associados a fatores de risco evitáveis, sendo apenas 10% relacionados à genética e à idade.   “O importante é manter os fatores de risco, como o diabetes, triglicérides, pressão arterial e peso controlados. Não fumar e manter uma vida saudável, se alimentando bem e praticando atividade física”, esclarece o doutor Aziz.