O sonho olímpico que parecia ter sido deixado para trás voltou a ser realidade para o canoísta Celso Dias de Oliveira Junior. No dia 18 de julho, a Federação Internacional de Canoagem (ICF) suspendeu por doping as equipes da Romênia e Bielorrússia dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Com a realocação das quotas olímpicas, o Brasil herdou dos bielorrussos a vaga na prova do K4 Masculino 1000m e está dentro dos jogos.

Celso se junta aos canoístas Gilvan Ribeiro, Roberto Mahler e Vagner Souta para formar o quarteto que remará na prova de 1.000 metros do caiaque (K4). A vaga veio por conta do quinto lugar conquistado no Campeonato Mundial de Canoagem Velocidade 2015, realizado em Milão, na Itália – na época, o quarteto ficou apenas a uma colocação da classificação por meio segundo.

“A notícia de que depois de tudo conseguimos é uma emoção única. Só o fato de estar lá, já é uma grande vitória para o Brasil”, conta o atleta, de 28 anos, que pratica o esporte desde os 12.

Com a realocação de vagas, Celso ainda pode competir nas provas K1 1000m (caiaque individual) e K2 1000m (caiaque duplo), onde o Brasil tem lugar assegurado – tudo depende da decisão do técnico Rui Fernandes. A equipe da Seleção Brasileira de Canoagem é composta por oito atletas, a maior delegação da história.

A seguir, o canoísta, que representa a Associação nas competições nacionais há um ano, conta a emoção de classificar-se para os Jogos Olímpicos.

Revista Associação Clube: Foi uma surpresa a classificação?
Celso Dias de Oliveira: Apesar de termos remado bem, não conseguimos a vaga continental no K2 no pré-olímpico de Gainesville, nos Estados Unidos. Teríamos que ter ficado em primeiro lugar no Pan-Americano, mas não conseguimos e ficamos em quarto. Quando aconteceu, várias coisas passam pela sua cabeça, um filme da sua vida inteira, afinal dedico muito tempo à canoagem. É muito difícil de lidar. A notícia de que depois de tudo conseguimos é uma emoção única.

RAC: Como é representar o seu país no maior evento esportivo do planeta? O fato dos Jogos Olímpicos serem no Brasil tem um gosto especial?
CDO: É um momento histórico e único. Eu não sei se o Brasil será sede novamente de outros Jogos Olímpicos e eu também não poderia participar de uma próxima Olimpíada por conta da idade. Tentei uma vaga para Londres em 2012, mas não consegui. Os Jogos sendo no Brasil tornam a sensação inexplicável. É uma emoção muito forte poder estar aqui com a minha família e meus amigos.

RAC: O fato da classificação ter vindo a apenas 25 dias das provas de canoagem causa preocupação?
CDO: Eu estava treinando, mas de forma mais leve. Com a notícia, intensificamos. Como o nosso organismo já é adaptado, somos atletas de alto rendimento, treinamos há bastante tempo, 25 dias para voltar ao pico da forma física não é pouco tempo. Quanto aos companheiros, remamos juntos há bastante tempo, então não tem problema com o conjunto.

RAC: Qual o foco nos Jogos Olímpicos?
CDO: Os Jogos Olímpicos reúnem os melhores do mundo, então só o fato de estar lá já uma grande vitória para o Brasil, nunca tivemos uma delegação de canoagem tão grande. O meu foco é estar em uma final olímpica. E todo mundo que entra em uma final pode brigar por uma medalha, tudo pode acontecer.

RAC: Nas provas, são centésimos de segundos que decidem. O que faz a diferença?
CDO: Em uma final, todos treinaram na mesma intensidade, todos estão bem fisicamente. Para mim, o que faz a diferença é o psicológico. É quem acredita mais.

RAC: Olhando para trás, você se sente um vencedor?
CDO: Com certeza. Toda a dedicação, tudo que já passei, as vitórias e dificuldades, tudo valeu a pena. Chegar nas Olimpíadas é sentimento de dever cumprido. É o ponto alto da minha carreira, era aquele sonho que eu tinha desde menino, aos 12 anos, quando conheci a canoagem.