Natação: as histórias ao longo das décadas

Data de Postagem: 06/04/2017


Assim que o Conjunto Aquático foi inaugurado há 50 anos, a Associação contratou o seu primeiro professor de natação, o holandês Petrus Josef Wigtenbroek. Além dos esportes em quadra, o clube passava a oferecer a modalidade aquática.

“Eu sabia me virar na água, mas com o Petrus é que fui aprender a técnica e os quatro estilos. Em 68, ele montou a primeira equipe de natação do clube e me chamou para participar. Participávamos de competições em piscinas e provas de longa distância em águas abertas. Conheci minha esposa, Carmen Tabet, na equipe”, relembra Orlando Luiz Bonini, 64 anos, hoje permissionário da lanchonete da Sauna.

A equipe de natação de São Bernardo nasceu no clube e tinha Petrus como técnico. “Eram os mesmos atletas. Nos campeonatos da Grande São Paulo e Paulista, representávamos o clube. Nos Jogos Regionais e Abertos do Interior, bem expressivos naquela época, disputávamos pela cidade. Fora as Olimpíadas Escolares, nos níveis municipal, regional e estadual, por meio delas conseguíamos bolsas de estudo, e o Troféu Bandeirantes”, explica Adilson Zambello, o Shinho, 64 anos, aluno de Petrus e atleta da primeira equipe da Associação.

Aos poucos, o grupo crescia e alcançava resultados mais expressivos. “Fui campeão paulista nos 50m livre na categoria infantil no início da década de 70. Nado até hoje, pelo menos 2km por dia”, conta Hélio da Silva Júnior, o Helinho, 61 anos.

Marcos Lazzuri, 60 anos, era companheiro de equipe de Helinho. “As maratonas aquáticas aconteciam em rios, represas e no mar. Lembro de travessias em Santos, Ubatuba, Registro, no Rio Piracicaba e na Billings. Sempre acabávamos conquistando alguma posição no pódio. Nas competições de piscina, me especializei no nado livre e consegui uma boa marca nos 100m”, relata.

Aos 18 anos, além de atleta, Shinho passou a ser auxiliar técnico de Petrus. Quando a equipe passou a treinar nas piscinas do recém-inaugurado Baetão, ele assumiu a vaga deixada pelo seu mestre nas aulas de iniciação de natação para crianças, adultos, aperfeiçoamento e recreação do clube, além de preparar os alunos para o exame de capacidade, que certificava que o associado estava apto a nadar.

Depois que saiu da Associação, Shinho se concentrou na preparação da equipe de natação de São Bernardo. Por ele, passaram atletas que seguiram carreira como treinadores, como Mirco Cevales, técnico da seleção masculina nos Jogos Rio 2016, Arthur Albiero, primeiro brasileiro a integrar a comissão técnica de natação dos Estados Unidos, e Fernando Vanzella, que foi a quatro olimpíadas como treinador e coordenador da seleção feminina nos Jogos Rio 2016.

“Ele e minha treinadora Helena Scarpelli foram responsáveis por eu me apaixonar por este esporte”, conta Fernando, que é filho de sócio-fundador e frequenta o clube desde criança. “Minha carreira na natação foi fora da Associação, mas me lembro com carinho da infância nas piscinas. Hoje sempre que possível treino no clube, onde meu filho Luigi também aprendeu a nadar”, completa.

Nova fase

Em 1983, a primeira piscina térmica era inaugurada, dando início a uma nova era na natação do clube. Com a água aquecida, a procura aumentou e passaram a ser oferecidos horários de manhã, tarde, noite e aos sábados. Novos professores foram contratados, entre eles Marylene Moreira e Margarida Guazzelli, até hoje funcionárias da Associação, e os saudosos Iara Censon e Francisco Franklin Neto, o Chicão. Depois vieram os professores Adauri Moraes e Siegmund Pickart, o Zig, ex-atleta de Petrus e Shinho, que retomou o trabalho em águas abertas. “Começamos o trabalho em 1985 e um ano depois começamos a competir. No início, a equipe tinha cinco pessoas. Chegamos a ter 80 nadadores, dos 9 aos 60 anos, em provas de piscina e maratonas aquáticas”, explica Zig.

O primeiro título do Campeonato de Águas Abertas, pela Federação Paulista de Natação, veio em 1988. Depois do vice em 1989, se repetiu em 1990, 1991, 1992 e 1993, coroando o penta-campeonato da equipe. “Fui campeão paulista infantil nesta época. No passado, eram as maratonas aquáticas, hoje eu participo de provas do Iron Man. Meus lhos, Yuri e Yan, aprenderam a nadar com o Zig e a Margarida”, conta o associado Cristian Aita, 39 anos.

Atletas de ponta

Um jovem atleta se destacava nas maratonas aquáticas: Christiano Chagas dos Santos, hoje com 36 anos. Ele tomou gosto pelo esporte e se tornou um atleta de alto rendimento. Foram 15 títulos no Campeonato Paulista nas provas de 50 e 100m livres e algumas medalhas de prata e bronze no Campeonato Brasileiro.

“Em 2004, no Mundial de Natação em Piscina Curta de Indianápolis (EUA), conquistamos a prata no revezamento 4x100m nado livre, na equipe formada por Cesar Cielo, Thiago Pereira, Nicholas dos Santos e eu. Na etapa de Belo Horizonte da Copa do Mundo de 2005, fui prata nos 50m livre”, conta.

Associado desde criança, Christiano aprendeu a nadar no clube, hábito que mantém até hoje. “Lembro com carinho das aulas dos professores Adauri, Fábio e Luiz Augustus. Tenho gratidão por tudo que aprendi e pelo ambiente de amizade, tanto é que voltei a nadar no clube depois que encerrei minha carreira. Agora minha filha Luísa, de 3 anos, segue meus passos”, afirma.

Alexandre Massura, 40 anos, é outro talento da natação que deu as primeiras braçadas na piscinas do clube. No Campeonato Mundial de Piscina Curta de 1995, no Rio de Janeiro, ele fazia parte da equipe que conquistou a medalha de ouro na prova do revezamento dos 4x100m nado livre. Foi a dois Jogos Olímpicos: Atlanta 1996 e Sidney 2000. Nos Estados Unidos, ele conquistou o quarto lugar no revezamento.

Em 1998, o quarteto formado por ele, Gustavo Borges, Fernando Scherer e Carlos Jayme quebrou o recorde mundial dos 4x100 livre em piscina curta, marca que só foi batida pela Suécia dois anos depois. Massura também foi recordista sul-americano no nado costas por vários anos. Ele esteve nos Jogos Pan-Americanos de 1999, em Winnipeg, Canadá, quando ajudou o revezamento brasileiro a ganhar, pela primeira vez na história do Pan, a medalha de ouro nos 4x100m medley. Na ocasião, também foi prata nos 100m nado costas.

“Aprendi a nadar na Associação com cinco anos. Logo comecei a fazer parte da equipe de treino do professor Chicão, que sempre me incentivava. Foi um início muito feliz no esporte, uma vivência importante na minha formação, em um ambiente que marcou minha infância”, conta.

Fotos: Acervo AFPMSBC, Adilson Zambello, Alexandre Massura, Christiano Chagas e Siegmund Pickart

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