Como estimular a empatia nas crianças

Data de Postagem: 08/10/2019

Saiba como desenvolver este comportamento no seu filho e, assim, ajudar a criar uma geração mais sensível e preocupada com o outro em um mundo cada vez mais individualista

Empatia é conectar-se com o outro. É oferecer escuta e acolhimento. É ser capaz de imaginar o que uma pessoa sente, caso estivesse naquela situação vivenciada por ela. É tentar compreender os sentimentos e as emoções deste indivíduo, mesmo que não tenha passado por isso, e fazer o que for possível para ajudá-lo. Ligada à inteligência emocional, é uma habilidade que pode ser aprendida e, por isso, deve ser ensinada às crianças desde cedo.

“A importância de ensinar valores como empatia, tolerância e gratidão às crianças reside na ideia de compartilhar aquilo que é essencial à vida em sociedade. Infelizmente, parte da população não reproduz estes comportamentos, pois não foi estimulada a isso. Se uma criança não está exposta aos modelos de valores que ampliam as relações sociais, ela não conseguirá reproduzi-los quando adulta”, esclarece Leonardo Luiz, professor de Psicologia da Universidade Prebisteriana Mackenzie Alphaville.

Segundo o professor, se a empatia pode ser aprendida, o exemplo começa em casa, pois os pais são modelos de identificação. “A criança repete modelos observados. Da mesma forma, ela desejará ler ao ver os pais lendo com frequência”, explica Leonardo.

Mais do que serem exemplos, os pais precisam fortalecer a qualidade do vínculo com os filhos, acolhendo-os em ambientes afetivos. “No caso da criança, mais enfaticamente as pequenas, este vínculo é a chave para o desenvolvimento da segurança, da identidade e dos recursos internos para lidar com as adversidades que a rodeiam ao longo da vida”, ressalta Hilda Rosa Capelão Avoglia, professora do curso de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo.

Aprender a identificar e entender os sentimentos é uma habilidade crucial para uma criança desenvolver empatia. A “alfabetização emocional” fará com que ela expresse suas próprias emoções e, só assim, será capaz de captar se uma pessoa se sente triste, feliz, brava ou com medo. É preciso ter a capacidade de observar, e isso não se aprende encarando telas de gadgets eletrônicos. Daí a importância da conversa olho no olho e dos momentos em família.

“A capacidade de expressão de sentimentos e pensamentos é de extrema importância para o desenvolvimento afetivo durante a infância. Ao expressar o que sente, a criança pode aliviar sua angústia e sua ansiedade. Cabe àqueles que convivem com ela facilitar essa capacidade de expressar o que está acontecendo. Isso pode ser realizado de diferentes maneiras, como brincando, desenhando, falando, entre outras”, afirma Hilda.

Criando crianças que se importam com os outros

Acredite: um mundo melhor depende de crianças empáticas

Conte histórias, incentive a leitura - A leitura de histórias e contos de fadas estimula a criança a entender o outro e a se colocar no lugar dele. Ao identificar-se com personagens, ela conhecerá recursos internos e externos com os quais poderá contar em momentos em que se sentir ansiosa ou angustiada com algo que experimentar.

“As histórias, assim como as atividades lúdicas, são elementos facilitadores da expressão. É importante ressaltar que esse aspecto vai além do valor desses recursos para o desenvolvimento cognitivo, pois abarca também, de modo integrado, o desenvolvimento afetivo. As histórias facilitam o uso da imaginação, diferentemente de filmes ou TV, cujas imagens são rápidas, o que impede a criança de retê-las, como é possível nos livros”, explica Hilda.

Seja empático com seu filho e um exemplo de empatia aos outros

Crianças aprendem empatia observando os pais e vivenciando-a na própria pele. Pais são empáticos com um filho quando reconhecem seu sofrimento físico e emocional, têm interesse genuíno sobre sua vida e respeitam a sua individualidade. Ao escolher atividades extracurriculares para a criança, uma mãe ou um pai empático leva em conta o desejo do filho, e não aquilo que eles gostariam.

Se os pais tratam o garçom ou a caixa do supermercado de maneira invisível, as crianças provavelmente farão o mesmo no futuro. Por outro lado, os filhos também irão aprender com seu comportamento no momento em que você mostra preocupação, por exemplo, em relação a um colega de classe que está passando por um momento difícil.

Foque atenção durante as conversas

Esteja totalmente presente nos momentos com seus filhos. Dividir a atenção com o celular mostra que você está apenas parcialmente com ele, e isso é um péssimo exemplo de empatia.

Converse sobre sentimentos

Ajudar o pequeno a lidar com sentimentos e emoções que possam surgir é importante para que ele se torne um adulto mais sensível. Seja com histórias, brincadeiras, conversas ou colo, estar próximo da criança nos momentos em que ela tem que lidar com alguma sensação nova ou difícil é fundamental para que ela se sinta segura para enfrentar problemas. A criança que identifica seus sentimentos está mais propensa a ser um adulto que compreende o sentimento alheio e se coloca no lugar do outro.

Diálogo é sempre a melhor saída

O diálogo viabiliza o amadurecer emocional da criança, que aprende a olhar e a escutar o outro. Conversar com seu filho faz com que ele reflita sobre si mesmo e suas atitudes. Se ele fizer algo errado que afete outra pessoa, explique as consequências de seus atos, fazendo-o perceber como suas atitudes podem afetar as outras pessoas. Falar sobre situações do trabalho e da vida adulta mostra que os pais também têm dificuldades tanto quanto os filhos. A hora do jantar pode ser um bom momento para criar essa rotina.

Estimule o convívio social

Conhecer novas pessoas, com personalidades, ideias e hábitos distintos, vai despertar o olhar da criança para o mundo ao seu redor e fará com que ela entenda que diferenças existem. Além disso, o convívio social permite que ela se comunique e lide com situações adversas, essencial à sua formação humana.

Peça desculpas

Quando errar com a criança, desculpar-se é um bom exemplo de comportamento e mostra que a comunicação está aberta. Conversar para entender o que houve e como a situação pode ser contornada é o próximo passo.

Estimule atividades artísticas

Aulas de música, pintura e dança são bons exercícios para entender sentimentos próprios e do outro, além de estimular vínculos afetivos, especialmente para crianças introspectivas.

Fontes: Hilda Rosa Capelão Avoglia, professora do curso de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo e Leonardo Luiz, professor de Psicologia da Universidade Prebisteriana Mackenzie Alphaville, além de adaptações de conteúdo da revista Crescer e dos blogs Leiturinha (leiturinha.com.br) e Tudo sobre Minha Mãe (tudosobreminhamae.com).